Prêmio Peteca - 2018
E.E.F.Edson Barbosa 2° lugar em Conto
O Prêmio Peteca tem por objetivo fomentar a participação de crianças e adolescentes nas ações de mobilização, conscientização e prevenção do trabalho infantil, reconhecer e divulgar os melhores trabalhos literários, artísticos e culturais produzidos pelos alunos, bem como e a dedicação dos educadores envolvidos nas ações de prevenção à violação dos direitos de crianças e adolescentes.
O Prêmio Peteca 2018 consiste na seleção e premiação dos melhores trabalhos literários, artísticos e culturais produzidos pelos alunos das escolas dos municípios cearenses que participam do Programa de Educação contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente – Peteca (Projeto Resgate a Infância: Eixo Educação), e corresponde à etapa estadual do Prêmio MPT na Escola 2018.
Ao concorrer a categoria conto, nossa escola saiu vencendora em segundo lugar, com o conto: Meus cacos de vidro, da aluna Nívia Maria dos Santos Silva, estudante do 9º ano B, da escola. premiação esta feita no dia 20 de setembro de 2018 no Cuca do Mondubim em Fortaleza CE.
CONTO VENCEDOR
E.E.F
EDSON BARBOSA
CONTO
Meus
cacos de vidro
Do sótão, conseguia ver as luzes da
viatura da polícia, os vizinhos se aproximando, minha tia chorando e minha
primas com medo. Ainda podia observar a raiva nos olhos de meu tio, com
certeza, odiando-me.
O que eu estava pensando, nunca
iria dar certo. E por minha culpa não vou mais sair daqui. Só posso ouvir uma
voz que vem do meu interior: Pare de chorar! Pare! Não importa o quanto eu
tente, só lembro do dia em que entrei nesta casa. Prometeram-me educação,
saúde, salário e como uma simples peça de vidro, essas promessas foram se
quebrando, pedaço por pedaço.
Minha educação foi a primeira
coisa. Ouvia sempre: Fique em casa só hoje, cuide do bebê, só hoje. Quantas
vezes ouvi isso. Quantas vezes ouvi o telefone tocar e as ligações eram da
escola. Nunca atendiam. Nunca.
Depois disso, foi minha saúde.
Trabalhava muito e sempre ouvia: Bruna lave a louça, limpe a casa. Bruna o
almoço, o bebê. Eu não parava, só caía e afundava no cansaço. As olheiras eram
de uma pessoa que nunca mais dormiu uma noite. Não aguentava mais.
Por fim o salário. Tão esperado,
tão importante. E sempre ouvia as mesmas desculpas. Mês que vem Bruna, nós
prometemos. Depois de um tempo, acostumei-me a não acreditar em mais nenhuma
palavra.
Só tem uma coisa que não contei.
Tinha 15 anos. Ele não tinha o direito. Tinha uma esposa. Por que usar uma
empregada? Gritava, chorava, implorava mas ninguém me ouvia. Também não sabem
quanta raiva sentia e não podia falar nada. Essa foi só a primeira vez. Chorava
mais nas outras, gritava cada vez mais. Até que decidi não sofrer mais.
Todos tinham saído. A casa estava
vazia, só eu e minha decisão. Faria aquilo com toda certeza. Um corte.
Sangraria até a morte e me livraria deste inferno. Só que não pude. Não fui
forte o bastante. Fiquei no chão e chorei até não ter mais lágrimas ou força
para levantar. Pensei em meus pais. E os odiava por terem me mandado para esta
casa, porém os amava por lembrar de que as intenções deles eram boas.
Decidi deixar o passado para
trás. Liguei para a polícia. Tranquei-me no quarto. O conselheiro estava lá
fora. Espero que me tire daqui para que eu possa reconstruir minha vida dos
meus cacos de vidro.
Aluna: Nívia Maria dos
Santos Silva. 9º Ano
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